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sexta-feira, dezembro 15, 2006

HISTÓRIAS DA VIDA

“SIMPATIAS...”

Dizem que no esporte e no amor vale tudo. Esta frase para Gustavo era a mais pura verdade.
Ele tinha duas paixões na vida: o futebol e Carlota. Não se sabia qual o pior, se quando seu time perdia ou quando brigava com a mulher. Geralmente uma coisa era resultado de outra. A mulher brigava com ele porque ia ao jogo. Ele brigava com a mulher, porque ela não o deixava assistir ao futebol.
A vida dos dois era um círculo vicioso de discussões e agressões por besteiras...
Um belo dia, Gustavo parou numa banca de jornal, e viu um livreto: “Simpatias para todas as ocasiões”. Olha só! - pensou - Pode ser que este livro possa mudar as coisas lá em casa.Imediatamente adquiriu o livro. Leu de uma só vez no trajeto de ônibus do serviço para casa.
Dentre outras “simpatias”,o livreco tinha duas, que lhe chamaram a atenção: “como fazer com que seu time de futebol ganhe sempre” e “ como manter sua esposa satisfeita e contente”. A primeira receita mandava que: “ adquirisse uma bola de futebol. Após colocá-la num recipiente de barro, pusesse sobre a mesma: água benta, galhos de arruda, uma gravura de seu santo protetor e um sapo seco com a boca escancarada. No sétimo dia após a lua cheia deveria ir na frente da sede do clube de que era simpatizante e ali, gritando em voz alta o nome do time, enterrar os trastes bem fundo, voltando para casa andando de costas para o feitiço “.
A segunda receita determinava que: “deveria comprar para a esposa uma correntinha de ouro. Colocar a jóia numa tigela de louça para tomar o sereno da noite durante uma semana, depois lavá-la com água benta e entregá-la à mulher dando-lhe um beijo em cada face “.
Animado, Gustavo pôs-se a adquirir os ingredientes, para a primeira receita, que era a que mais lhe interessava. A bola, os galhos de arruda e a gravura do santo protetor foram fáceis de conseguir. O resto acabou lhe dando mais trabalho. Para conseguir a água benta, mentiu para o pároco de sua igreja. Disse-lhe que a sogra estava nas últimas e com medo que a velha desencarnasse de uma ora para outra, resolveu deixar perto de sua cabeceira, um vidro de água, que lhe seria aspergida de hora em hora. O padre condoído de sua sorte e como conhecia Carlota, assídua freqüentadora da igreja, lhe atendeu imediatamente o pedido.
Quanto ao sapo, não teve outro jeito senão caçá-lo pessoalmente no brejão existente próximo a sua casa..Num sábado à noitinha disse a mulher, que iria ao bar comprar cigarros. Mas invés disso apanhou a fisga e se embrenhou no matinho próximo a um córrego, para pegar o sapo. A empreitada que lhe parecera fácil, não foi bem assim...Como não conhecia direito o local, caiu dentro da água poluída por esgoto. Mas não se deu por vencido...Ao fim de três horas tinha seu sapo fisgado...
Chegando em casa, escondeu o sapo dentro de uma lata no quintal e entrou na cozinha, pé ante pé. Mas Carlota o estava esperando.Quando viu o marido sujo dos pés a cabeça e cheirando mal, quase teve um ataque e pior encasquetou, que ele estivera transando com uma mulher no brejão. Como Gustavo não podia explicar o que estivera fazendo, ouviu poucas e boas, Acabou dormindo na sala.
O sapo, foi obrigado a levar consigo ao serviço. Esfolou-o na hora do almoço dentro do toalete e deixou-o para secar do lado de fora da janela do escritório...
No fim de uma semana de suplício, Gustavo conseguiu reunir toda a primeira receita.
No dia recomendado pelo livro, mais uma vez mentindo para a esposa que iria ao bar, encaminhou-se para a frente do seu clube do coração.
Lá chegando, procurou um lugar conveniente para cavar e enfiar a “macumba” no chão. Depois de poucos minutos, já havia feito um buraco bem profundo. Gritando o nome do clube, jogou os trastes no buraco e pôs-se a cobri-los de terra. O vigia encarregado da segurança do local, ouvindo toda aquela gritaria, foi correndo para onde estava Gustavo e julgando-o um macumbeiro que estava ali, para fazer um trabalho contra o time, o encheu de porrada. Como a receita mandava, que ele voltasse para casa andando de costas, fugiu de seu agressor dessa forma e desafortunadamente foi atropelado por um ônibus, que trafegava por ali.
Ao chegar em casa, mais morto do que vivo, encontrou a mulher chorando. Fora visitada pelo padre da paróquia, que viera saber de sua sogra, pois fora informado que se encontrava gravemente enferma. Resultado da noite infausta: “ o nariz quebrado, várias escoriações pelo corpo e uma bronca da esposa, que agora o ameaçava com separação judicial “...
No dia seguinte resolveu fazer a segunda simpatia: comprou uma correntinha de ouro, a fim de prepará-la, para Carlota. Enfiou a peça no bolso do paletó, aguardando o momento adequado para tanto. À tarde de volta a sua casa, extremamente cansado da noite anterior, acabou dormindo no sofá. Carlota desconfiada do marido revistou os bolsos de seu casaco, encontrando ali a jóia. Não teve dúvidas, achando que era um presente do marido para a amante imaginária, fez as malas com suas roupas e mudou-se para a casa da irmã.
Quando acordou pela manhã, Gustavo encontrou um bilhete da esposa: “ Gustavo... nos últimos dias, pela graça de Deus, descobri que havia me casado com um adúltero. Minha dúvida se transformou em certeza, quando encontrei em suas roupas o presente que comprou para sua amante. Não me procure mais... Nenhuma desculpa ou simpatia me trará de volta... as) Carlota...
Amargurado e desorientado, ligou o rádio, para ouvir as notícias matinais. O locutor dizia que seu time de futebol perdera de goleada na noite anterior ...
JC

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