CAMINHOS ESTRANHOS

                                                    O ELEVADOR

Um elevador é como uma pequena sala que voa.

Um cômodo que nunca consegue saber se sobe ou desce.

Entra-se nele por uma porta automática espremesse um botão e lá vai ele nos levando pelo espaço sem fim.

Um verdadeiro transportador de felicidades, angústias, prazeres e dores.

Pois bem, outro dia entrei num elevador procurando saber onde me levaria em  que terras, ou lugares maravilhosos iria parar, de que aventuras estranhas participaria.

O coração batia forte em meu peito aguardado a esperada saida para o desconhecido.

Aguardei  um bom tempo até que uma mulher gorda entrasse comigo naquela sala e apertasse um botão mágico, para tudo começar acontecer.

Senti meu corpo ser elevado. Um torvelinho puxou o dispositivo para cima, causando um aperto no meu coração ao mesmo tempo em que sensações estranhas tomavam conta de mim.

Imaginei por onde o aparelho estaria voando. No meio das nuvens do céu? Das estrelas do firmamento? Talvez passando por lugares desconhecidos onde perigos inimagináveis aguardassem em cada ponto sombrio.

Por fim, um pequeno tranco fez o elevador parar.

Uma porta se abriu, a mulher gorda saiu pela abertura e eu com ela.

Um grande cômodo, todo branco, se revelou. Uma moça bonita veio me saudar.

- Sr. Jacinto, o dentista já está aguardando para iniciar o tratamento.

As dores no meu dente recomeçaram….

-Droga……

OS VIVOS E OS MORTOS

CEMITÉRIOS

Estava em frente de um dos maiores cemitérios da América Latina, em São Paulo.

O "campo santo" é fechado por um enorme portão de ferro batido, ladeado por altos muros de tijolos.

Então pensei:

- Porque fechar o recinto de forma quase que fortificada ?

- Ora, os que estão dentro dele não vão sair, a não ser que se transformem em zumbis "ávidos" por devorar os suculentos cérebros dos vivos.

- E os do lado de cá, a meu ver, não desejam entrar, a não ser se "baterem as botas" consumidos pela angustia das notícias de corrupção, roubos, pelo sufoco dos impostos e outras coisas mais proporcionada gratuitamente pela vida moderna.

Desta forma não existe motivo para existência dos muros e portões fortificados.

Melhor seria se tudo viesse abaixo e em seu lugar abrissem amplas ruas ladeadas por árvores frondosas que comemorassem a vida e a morte de forma festiva, como deve ser, 

TEMPOS DIFÍCEIS

          

Neste tempo de crise hídrica trago até voces soluções simples que ajudarão na economia de água:

            Em hipótese alguma tomar banho. 

Já está cientificamente comprovado que o banho faz mal para a pele, faz cair os cabelos e colabora decisivamente para tirar o cheiro natural do corpo humano.

         Não limpar a casa.

A lavagem de pisos, de panelas, e outros utensílios tira a visão natural das coisas dando uma falsa visão de suas moradias.

         Não cozinhar.

Habitue-se a comer tudo cru. As verduras, legumes e especialmente as carnes tem um sabor estupendo quando digeridas “in natura” seja  pois um animal alimentando-se diretamente nas panelas, que servirão apenas com recipientes. Os pratos e talheres são dispensáveis.

           Depois de usar o sanitário não dê a descarga.

Os detritos humanos acumulados nos vasos poderão ser usados na horta que voce fará em seu quintal emprestando um cheiro característico ao ambiente e colaborando com a ecologia na criação de insetos, ratos e outras pragas tão necessárias para a vida na terra.

           E especialmente não tome água.

Foi comprovado que a água enferruja o ferro existente em seu corpo provocando corrosão das células e causando mal funcionamento das articulações.

muito  louco

                                     

                                            MANIFESTAÇÃO                                                        
Como fazer uma manifestação que dê plenos resultados:


            Concentrar uma multidão em frente das repartições públicas disfarçados de abacate e gritar a plenos pulmões a palavra CACHAÇA, até que as reivindicações sejam atendidas.
                Engarrafar as ruas principais da cidade, na hora de maior movimento, conduzindo um bando de macacos.
                Fazer-se passar por um membro das forças de repressão e depois faltar ao serviço.                     
           Disfarçar-se de repolho e depois denunciar o presidente da república ao serviço de informação.
                   Levar, durante a manifestação faixas e cartazes  onde fique bem claro os motivos dos protestos como: abaixo os impostos;  abaixo a ditadura; abaixo a corrupção; abaixo o jiló e outras fases de efeito.

CAMINHOS ESTRANHOS

Salvo, por um triz, de virar comida de tibetano resolvi dar um passeio pela casa de minha avozinha, que possui um pequeno sítio no interior.

La chegando a velhinha, muito ativa e lúcida, me convidou para conhecer seu novo galinheiro, edificado segundo as melhores técnica italianas.

De uma pequena construção rústica nos fundos do quintal chegou até nós uma música que reconheci ser da ópera Palhaço.

Abrindo a porta do cômodo dei com uma cena chocante.

As galinhas trepadas num poleiro de madeira, entoavam a plenos pulmões a música italiana, regidas por um galo austero e altivo com uma batuta pendurada no bico.

Confesso que a cena foi demais, desmaiei…….

CAMINHOS ESTRANHOS

EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS

Estive vergonhosamente ausente do blog.

De fato, sai de fininho sem dar a mínima satisfação a ninguém, especialmente aos que me querem declaradamente morto.

O motivo de minha ausência, não forçada, foi uma viagem de aprendizado pelas regiões da terra, onde fatos misteriosos acontecem e por este motivo, podem influenciar a vida humana de modo totalmente inútil.

A viagem ao Tibete me demonstrou como funciona o fenômeno da reencarnação.

Após meses de entoação de mantras e auto flagelação tive, enfim, a iluminação, de como reencarnar sem morrer.

Me enterrei até o pescoço numa horta entre as couves, para renascer como uma delas,entretanto, qual foi a minha frustração, quando após quinze dias, só consegui me transformar em um pé de salsinha, indo parar diretamente em um cozido de iaque tibetano.