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segunda-feira, dezembro 05, 2016

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A FESTA

Você já a uma destas festas de pessoas da terceira idade, onde parentes do homenageado(a) se esforçam para ressaltar uma figura familiar e render-lhe homenagens, mesmo que  não desejem?
Eu sei que é triste para nós “velhos” ser lembrados a todo instante que por um milagre ainda estejamos com vida.
No último fim de semana fui a uma delas.
O evento se realizou num bufê infantil, ao lado de brinquedos, video games, coisas e tal para folguedos de infantes.
Num amplo salão haviam pequenas mesas com cadeiras plásticas desconfortáveis, os parentes do homenageado se espremiam, conversando animadamente, a respeito das eras passadas e de como eram bons os tempos de outrora.
-Conversas de pessoas da terceira idade são muito instrutivas para saúde. Trocam-se receitas de remédios caseiro, falam-se sobre os netos maravilhosos, da morte de conhecidos:
-Lembra-se do Sebastião? O filho do Antonio que tinha uma mercearia na rua da Alegria, pois é morreu…..ou está hospitalizado. Coitada da Ana, mulher dele, vive um inferno.
-O seu marido não veio? Porque? 
-Ficou em casa lavando a cozinha. Ele é um chato não gosta de festas. Um verdadeiro desmancha prazeres…..
Junto com o bapo correm os salgadinhos, docinhos, bebidas como água, refrigerantes e cerveja.
Todo muito controlado, sem excesso de açúcar, ou sal, pois a maior parte dos que estão ali, sofrem de alguma doença que precisa ser monitorada.
Enfim um cardápio insonso e sem emoção.
E quando você, também um idoso,não conhece  os participantes.
Aí que fica bom, pois, isola-se sentado num canto, feito um porteiro capenga.
A vantagem é que pode-se observar com detalhes o evento, para depois fofocar nesta coluna.
As mulheres, especialmente elas, formam rodinhas de conhecidas, dando gritinhos de felicidades por encontrarem velhas parentes e amigas, que ainda conseguem sobreviver, embora os maridos façam de tudo para que não aconteça.
Estas festas tem um verniz de alegria, mas no fundo….no fundo são tristes.
Para todos nós, especialmente para este que escreve, são um preâmbulo de espedida, talvez de um último adeus a este círculo social, que ficará gravado em fotografias, com um lembrete para daqui a alguns anos.
-Veja o José como estava neste dia……Abatido….e como sempre chato, coitada da mulher dele sempre empenhada em ser alegre e prestativa…….
Devo deixar claro, que até que gosto de festas. Mas de crianças correndo, gritos das mães preocupadas e de pais junto ao barril de cerveja, bebendo fazendo piadas e comendo churrascos engordurados.
Festa que celebrem a vida sem preconceitos e preocupações, estas que renovam as esperanças de vida, mesmo que elas talvez não mais existam……


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